Milho: analista projeta quando deve ser o próximo pico de preços no Brasil

Os preços do milho caíram mais de 6% no acumulado de dezembro até o dia 11. De acordo com o indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), a saca passou de R$ 77,17 para R$ 73,10. O analista de mercado Ênio Fernandes, da Terra Agronegócio, afirma que a queda nas cotações do cereal já era prevista, pois chegou a época de as empresas limparem seus armazéns para receberem a soja. “Concentrou-se muita oferta num período curto de tempo”, diz. Além disso, segundo ele, a tendência é que a atividade econômica mundial caia a partir do dia 18 de dezembro, voltando a se aquecer apenas por volta de 10 de janeiro. Isso também favorece a desvalorização da commodity. Porém, a partir do dia 15 de janeiro, o comprador de milho vai comparar seus estoques com a estimativa para a entrada da segunda safra. Com problemas climáticos no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, dois principais produtores do cereal na safra de verão, o volume disponível até a chegada do milho safrinha deve ser insuficiente para atender a demanda, o que deflagrará um movimento de alta. “Os produtores estão com o milho nas mãos e devem ofertar paulatinamente”, recomenda Fernandes. Se isso acontecer, ele prevê um pico de preços entre 15 de fevereiro e 15 de março. “O produtor estará ocupado com a colheita da soja e com o plantio do milho. A maioria não tem material humano para também conseguir trabalhar a comercialização”, diz. E a soja? Ênio Fernandes não acredita que as cotações da soja vão cair muito mais pois, segundo ele, se o movimento de desvalorização continuar, os produtores vão segurar as vendas. “Há também uma incerteza na safra da América do Sul por conta dos efeitos do La Niña sobre a produtividade”, diz. O analista da Terra Agronegócio alerta, no entanto, que a desvalorização do dólar também pode pressionar as cotações das commodities. Câmbio O dólar comercial registra forte queda em dezembro. Nesta segunda-feira, 11, a moeda norte-americana chegou a casa de R$ 5,01. O economista-chefe da Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), Antônio da Luz, esclarece que não se trata de um fortalecimento do real, que continua caindo frente a outras moedas, como o euro. Segundo o especialista, o movimento de queda começou nas eleições à presidência dos Estados Unidos. Ele afirma que a correção na relação real-dólar só é mais intensa do que frente a outras moedas porque o dólar havia subido muito mais frente à moeda brasileira. Para fortalecer o real, Fernandes diz que o Brasil precisa resolver a questão fiscal com urgência através de reformas econômicas. Segundo ele, o presidente Jair Bolsonaro precisa ser um estadista e sacrificar a popularidade em prol de um país melhor para as próximas gerações.